A eleição passou, porém ainda existe uma curiosidade muito grande de minha parte sobre o candidato eleito Francisco Everardo Oliveira Silva (PR/SP), o popular Tiririca. Não tenho nada contra o senhor Francisco, afinal se o Exmo. Juiz Aloísio Sérgio Rezende Silveira, da 1.ª Zona Eleitoral da Capital do Estado de São Paulo, acredita que ele é capaz de exercer a pasta delegada ao então Deputado Federal, quem sou eu pra dizer que não é.
Entretanto, algumas coisas me indignam. Como entender 1,3 milhões de votos? Acredito que estes são votos revoltados de uma população que já não sabe pra onde correr, diante de tanta corrupção.
Trouxe para vocês uma entrevista da revista Veja On line do dia 08/02/2011 onde o “Tiririca” diz estar “meio perdidão”, no meio em que se encontra.
Nenhuma surpresa na estreia do palhaço-deputado na Câmara: ele assinou documento sem saber o que era e decorou gabinete com um chocalho de cabra.
"O que é que faz um deputado federal? Na realidade eu não sei. Mas vote em mim que eu te conto". Esse era um dos motes do então candidato Tiririca, durante a campanha eleitoral de 2010. Passada a primeira semana na Câmara dos Deputados, Francisco Everardo Oliveira Silva (PR/SP), ainda não sabe explicar a seus 1,3 milhão de eleitores o trabalho que terá de desempenhar no legislativo. Nos dias de estreia, o ato mais significativo do deputado mais votado do Brasil foi assinar o pedido de abertura da CPI do DPVAT (destinada a investigar denúncias de irregularidades no seguro obrigatório de veículos automotores). Ele não se recorda do teor do documento. Assinou porque outros estavam assinando, afirma
O deputado Tiririca falou ao site de VEJA enquanto voava de Brasília para São Paulo. Ele não precisou apresentar documento de identidade ao embarcar. “Já o conheço”, afirmou o comissário de bordo. A conversa foi interrompida algumas vezes por sua esposa, Nana Magalhães, que procurava... lapidar suas repostas:
O senhor já descobriu o que faz um deputado federal? Ainda não. Estou meio “perdidão”, chegando agora. É tudo muito novo, mas aos poucos vou me adaptar, se Deus quiser...
Mas o senhor já assinou até pedido de abertura de CPI, não? Assinei algumas coisas, mas de cabeça assim não sei dizer o que era. Foi muita coisa que a galera toda assinou, ou seja, vários deputados.
Como foi a chegada ao Congresso Nacional? Foi normal. Eu já esperava que as pessoas se aproximassem de mim, por ser o mais votado do país. Todos queriam me conhecer no gabinete, foram filas e filas de pessoas para tirar foto e desejar boa sorte. Foi bacana.
Deu muitos autógrafos? Sim, mas continua sendo só “Tiririca” mesmo. Não coloquei a palavra “deputado” na frente.
Como foi a primeira semana de trabalho? Muito legal. Fui bem recebido pelos colegas e orientado também por alguns, que me desejaram sorte. Eles tiraram fotos e mandaram recado de otimismo de suas famílias.
Que conselhos o senhor recebeu de seus pares? Para que eu ficasse tranquilo, já que há muitos outros novatos na Câmara. Acho que são mais de 200.
O senhor já conversou com outros novatos? Com o Romário, o Popó e outros lá do Maranhão e do Piauí. Eles estão igual a mim, todos meio perdidos.
O que o senhor espera para as próximas semanas? A mesma loucura e assédio que foi essa semana. Vai demorar para isso acabar, porque muita gente quer me conhecer, tocar, desejar boa sorte. Os funcionários da Câmara também me procuram muito, muito, muito. Com o tempo, vai dar para atender todos.
Em termos de trabalho, que projetos pretende apresentar? Tenho umas coisas na cabeça, mas estou estudando ainda, junto com o partido. Quando houver oportunidade, apresentarei o texto.
É possível adiantar as áreas em que se situam essas ‘coisas na cabeça’? Educação e também cultura, que tem tudo a ver com a minha cara. Vai sair algo legal por esse lado. Também vou incluir projetos para humoristas, atores, artistas de circo e cantores. A cultura abrange muita coisa, se Deus quiser vai dar certo.
O senhor pretende trabalhar para o fim da corrupção? Não pensei em nada disso ainda.
Como a eleição mudou a sua vida? Mudou tudo. Eu não usava terno e gravata, agora tenho que usar. Tudo é muito novo para mim.
O senhor já decorou o gabinete? As primeiras coisas que pendurei foram um chapéu de couro e um chocalhozinho para representar bem o Nordeste. Acho isso bacana.
E de onde o senhor trouxe esses objetos? Ganhei de presente do meu avô. O chocalho é de uma cabra, porque meu avô criava cabras. Ele me deu de presente quando era pequeno e guardo como um amuleto para dar sorte.
O senhor pretende seguir carreira política? Ainda não sei. Vamos ver.
Revista Veja, por Luciana Marques
Em um blog chamado Opus Iuris de Francisco Falconi (http://franciscofalconi.wordpress.com) encontrei esta reportagem e acredito ser interessante para minha proposta de postagem.
Segundo informações do Tribunal Superior Eleitoral, o humorista Tiririca foi o mais votado candidato do Estado de São Paulo para o cargo de Deputado Federal, contando com exatos 1.353.820 votos. Aliás, no Brasil, nunhum outro postulante à Câmara dos Deputados obteve tamanha votação. Tudo isso já era esperado, afinal, as propagandas do palhaço cearense tiveram grande destaque no youtube e na imprensa em geral.
Não é de hoje que artistas populares, jogadores de futebol e outras figuras excêntricas são eleitos para cargos relevantes. Poderíamos citar uma enorme lista, mas é melhor poupar o leitor dessas embaraçosas lembranças.
Evidentemente, é péssima para o funcionamento do Poder Legislativo a eleição de pessoas, destituídas de cultura geral, ideias, planos e ações concretas para o futuro. Tiririca será apenas mais um parlamentar que não terá consciência daquilo está votando. Não compreenderá o que é “emenda aditiva”, “quorum qualificado” ou “crédito extraordinário”. Seguirá apenas as orientações das lideranças do governo de plantão em troca de alguns favores.
Contudo, aqui entra um detalhe fundamental: no voto, o sentimento fala mais alto que a razão. Muitos dizem: “votar em Tiririca é um ato de protesto contra a corrupção e os políticos em geral”. Sem dúvida, diversas pessoas votaram no “abestado” para demonstrar insatisfação contra o sistema eleitoral. Mas não é apenas isso. Em outros casos, o voto em Tiririca baseou-se em sentimentos de carisma e empatia . Muito mais do que as idéias, o que importa para o eleitor médio são as pessoas, sejam elas amigos, palhaços, religiosos ou artistas. Bem ou mal é assim que funciona a Democracia brasileira.
Postado por Emanuelle Mandu Gaia.